Fique simples e simplifique.
Há um tempo atrás, recebemos um retirante no Portal, que já era próximo da linguagem de Viver de Luz. Já havia tido experiências com jejum, tido contato com o livro da Jasmuheen... e tinha uma vontade de ter a experiência de parar de comer.
Então, quando ela chegou até nós e se deu conta que não temos esse propósito e não incentivamos a privação da comida... ela começou a questionar algumas coisas, como: “porque vocês não incentivam as pessoas a viver de luz, sendo que é uma coisa tão legal?”
Então começamos explicar que o jejum é uma ferramenta incrível pra podermos purificar o nosso corpo, mente, emoções... pra podermos ampliar e aprofundar nossa capacidade de auto-observação... mas que é importante que ele se mantenha sendo uma ferramenta, e não o foco em si. E explicamos sobre como o ego se apropria das ferramentas para atingir coisas “extraordinárias” que a grande maioria das pessoas não vivem.
O ego, adora ser especial, ser diferente, então isso de alguma forma, pode ser apenas uma nutrição para o ego. Algo em que possa se apoiar para se sentir superior aos demais. Muitas vezes, criando uma sofisticada personalidade espiritualizada, que eleva essa façanha ao “bem maior” como justificativa, tornando-se ainda mais difícil de ser reconhecida.
Se olharmos os ensinamentos deixado por grandes mestres, como Jesus por exemplo, em nenhuma das escrituras que relatam sua sabedoria, aparece como indicação de prática o “deixar de comer”. Sim, Jesus se absteve do alimento, durante um longo período, passando pelo seu “deserto”, como uma ferramenta de purificação. E não como ideal a ser atingido. Ao contrário, seu exemplo nos diz sobre o milagre de “multiplicar o pão”. Claro que isso também pode ser visto como uma linguagem simbólica, mas de qualquer forma... parar de comer nunca pareceu ser um desejo ou o foco da sua atenção.
Os ensinamentos pontuam como propósito, resgate de valores simples como o perdão, a compaixão, não julgamento, amar ao próximo como a si mesma(o). mas o ego não gosta de nada que o coloque como igual ao outro, ele necessita se sentir especial... e com isso acaba se apropriando das ferramentas.
Então, esse retirante, quando questionado: “qual o motivo de você querer viver de luz?” ... pôde adentrar e aprofundar numa reflexão interior e por fim, reconheceu por si mesmo que na verdade essa questão toda era somente mais uma maquiagem que o ego gostava de usar.
A partir disso, falamos a respeito do trabalho acontecer na simplicidade, e que a simplicidade está intimamente conectada à presença. Ou seja, tudo aquilo que nos tira do contato direto com o Ser Presente, está nos levando para longe de quem somos de verdade.
Dentro de um trabalho de autoconhecimento estar conectado com a Presença é o foco central, e a relação que cultivamos com a observação da natureza a nossa volta e conosco mesmas(os) nos permite essa conexão. E isso é simples, mas não é uma tarefa fácil (também não podemos dizer que é difícil). Mas é necessário um esforço bem direcionado e alinhado.
Praticar a simplicidade é estar conectado ao aqui e agora. E o ego sempre está conectado ao passado ou ao futuro.
O exemplo desse retirante é bom, ela é brigada com os pais e irmãos, mas gostaria de "viver de luz", ou seja, para o ego é mais interessante parar de comer do que perdoar ou pedir perdão.
Não estamos dizendo que não vale de nada a prática de jejuar, mas sim, que é muito importante observar a motivação por trás daquilo que nos propomos fazer. Bem como, discernir e direcionar nossos esforços de modo que possamos fortalecer nossa Presença, que é permeada de felicidade e amor, ao invés de fortalecer justamente aquilo que nos coloca num estado constante de tensão e sofrimento. Os desejos do ego.
O jejum em si é uma ferramenta incrível, com muitos estudos científicos que demonstram seus benefícios, bem como o testemunho de muitos seres que fizeram uso dessa ferramenta e comprovaram em si mesmos os resultados. No Portal Parvati testemunhamos há 20 anos a potência dessa ferramenta. Porém, gostamos sempre de lembrar, que o foco não é o jejum em si. O trabalho é muito mais profundo e interno. E o propósito é muito mais sofisticado do que o tema “comer ou não comer”:
É sobre Ser.
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