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A Felicidade e Autoobservação

Você se sente feliz nesse exato momento?


Se sua resposta for não, pare um pouco. Solta o celular, ou a tela que estiver olhando, e faz três respirações bem profundas, sentindo o ar entrando e saindo das suas narinas.

(...)

Quando voltar pra cá, continua observando a entrada e a saída do ar, deixando com que o percurso do ar se torne mais e mais consciente pra você, enquanto lê essas palavras.


Será que é possível ser feliz sem estar consciente de si? Você seria capaz de perceber a felicidade implícita nesse momento sem estar com a mente atenta ao que se passa à sua volta e te permeia? Como seria possível reconhecer a felicidade aqui e agora, se não pudesse reconhecer a si mesma/mesmo diante dela?


Sim, a auto-observação é elemento essencial para viver uma vida em verdadeira felicidade. Mesmo quando nos deparamos com momentos e fases de sofrimento, através da auto-observação, aprendemos como soltar o apego ao sofrimento, aprendemos a soltar a ideia de que algo precisa mudar para que nos sintamos felizes, aqui e agora. Através da auto-observação, treinamos nossa mente para estar atenta ao momento presente, às nossas sensações, pensamentos e emoções, reconhecendo beleza e totalidade em nós e ao nosso redor. Podemos então, encontrar um estado de calma e relaxamento exatamente no lugar onde nos encontramos.


Através da auto-observação podemos reconhecer tudo aquilo que tem nos prendido ao sofrimento, inclusive ideias de felicidade que nos levam para um estado de eterna espera ao que virá, e então, praticar o desapego para com elas.

No livro A Arte de Viver, Thich Nhat Hanh disserta sobre a relação do desapego, transformação e cura:

“Podemos estar presos por conta de nossos projetos, trabalhos ou mesmo pela correria da vida. Podemos ser prisioneiros de nossos desejos ou impaciência. Podemos viver bloqueados por nossa culpa, raiva ou medo. Podemos viver a vida inteira atados pelas cordas da raiva e do medo, ou assolados por um rancor que não conseguimos deixar pra trás. Nosso relacionamento com uma pessoa próxima pode ter sido enterrado pelas raízes do desentendimento. E podemos viver presos à necessidade de alcançar status, dinheiro ou prazeres sexuais. Tudo isso nos impede de experimentar a felicidade, a paz e a liberdade que estão bem aqui, neste exato momento.

Para nos desatarmos precisamos de coragem e determinação. É preciso coragem para alterarmos nossa maneira de viver, alinhando-nos aos mais profundos valores e aspirações. É preciso determinação para não sermos arrastados pelos projetos que nos deixam estressados e cheios de trabalho, levando-nos a negligenciar a nós mesmos e as pessoas que amamos. É preciso coragem para se sentar com seu parceiro, amigo ou familiar e abrir um canal de comunicação.

Cada um de nós deve identificar as cordas que nos prendem para nos tornarmos livres. Devemos separar um tempo para nos sentarmos e perguntarmos a nós mesmos, com toda a honestidade, o que está nos prendendo. Desejar desatar os nós não é suficiente, precisamos entender por que essas cordas estão nos amarrando, para depois nos livrarmos delas.”


Nos dias de hoje, em que passamos por momentos desafiadores, tendemos a estar constantemente ansiando por alguma mudança, pela resolução de todos os problemas do mundo, mas será que isso realmente nos ajuda? Ou ajuda quem quer que seja?

A vibração gerada pela ansiedade intensifica a tensão em nós e em todos a nosso redor. Mesmo que tudo no mundo se resolvesse hoje, como você faria pra se libertar da tensão e ansiedade? Talvez tivesse alguns momentos de divertimento e prazer, mas e depois? Quem garante que novos desafios não virão por aí?


A ansiedade sempre leva a mais ansiedade, e a saída para esse vórtice infinito é a pausa e a consciência de si. Nesta pausa consciente, é onde encontramos o atalho que nos leva ao reconhecimento e a percepção para além da mente, que apenas é revelada através da auto-observação e meditação.


Estarmos conectados ao momento presente, é o único caminho para a felicidade incondicional. O estado de contentamento que independe da realidade exterior.

Isso não quer dizer que estaremos passivos diante daquilo que nos cabe para fazer a diferença no mundo, muito pelo contrário, o nosso estado de Presença nos permite estar relaxados e com uma mente mais atenta para agir naquilo que nos é possível e nos diz respeito. Auxiliando verdadeiramente para qualquer transformação pessoal e planetária, de dentro para fora.

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