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libertar, perdoar, amar ... o caminho da paz.

O perdão é o sentimento que nos liberta de mágoas e amarras, do peso extra que carregamos por ter vivenciado alguma experiência, que interpretamos como negativa e que por não conseguir lidar com tal experiência, acabamos por guardar esse sentimento dentro de nós e carregá-lo vida a fora. Então perdoar, seria se desprender voluntariamente disso, ou seja, se libertar dos ressentimentos, mágoas e desejos de vingança.

Quando entramos mais a fundo no tema, podemos ver que carregar esses sentimentos é nos mantermos apegados às experiências (dolorosas), por mais paradoxal que possa parecer. Então, quão libertador é a gente poder soltar o vínculo com as experiências passadas? Nesse desapego está o perdão, a liberdade que vem por não mais reviver determinado sentimento dentro da gente, soltando esses pesos que, conscientes ou não, estamos escolhendo seguir carregando dentro de nós.

Geralmente quando falamos em perdão, logo associamos à um segunda pessoa alheia de nós. Mas no processo de praticar o perdão, entendemos que o ponto central é sempre nós com a gente mesmo. Perdoar o outro, acaba sendo uma extensão da nossa capacidade de perdoar-nos.

O ato de se perdoar está associado à libertar-se da culpa. Mas não como isenção da responsabilidade por algum ato falho cometido. E sim, pelo entendimento do que pode ter nos levado a agir dessa ou daquela maneira.

Independente da atitude do outro, estamos sempre alimentando um tipo de vibração quando seguimos segurando determinados sentimentos e/ou pensamentos que têm mágoa, rancor, ódio contido. Então desapegar dessa condição, tem a ver com mudar a própria realidade, e é consequência de uma auto investigação que possibilita entender a raiz da questão dentro de nós.

Seguindo com esses sentimentos, muitas vezes essa vibração passa a se manifestar no sistema físico. Muitas pessoas têm dores de garganta recorrentes, ou inflamação crônica de alguma região do corpo... que podem ter sua raiz em manter algum desses sentimentos tóxicos e que acabam por se condensarem no corpo físico.


Para se libertar e conseguir perdoar é importante refletir e também cultivar uma disposição a aceitar os fatos como eles são. Ter o entendimento correto da situação, experiências e circunstâncias para conseguir aceitar aquela realidade, tal como é, não como gostaria que fosse.

Um exemplo: Alguém, por vingança, comete um assassinato de uma pessoa muito querida nossa, e começamos a gerar muita mágoa até chegar ao ponto de dizer “essa pessoa (o assassino) é quem deveria estar morto” e em seguida “essa pessoa morreu pra mim”. Ou seja, tiramos a vida da pessoa (dentro de nós) para não termos que lidar com a dor que a situação nos causou. Porém, se não conseguirmos aceitar o fato da pessoa ter cometido esse ato, e o fato do amigo querido ter falecido, continuaremos carregando a energia do rancor em nós, mesmo que camuflada pela indiferença e desinteresse.

Então, antes de encontrarmos o entendimento da situação assim como ela é, não conseguiremos dar o próximo passo para o perdão. E muitas vezes, o primeiro passo é aceitar a dor que aquilo nos causou, o ódio ou a raiva. Aceitar até o fato de que, por vezes, não queremos perdoar. A indiferença é também uma forma de ódio, pois quem ama, se importa.

Em primeiro lugar olhar com verdade para onde nos encontramos em relação àquela situação, sentir a dor, e, se ela estiver presente, fazer um trabalho sincero dentro de nós mesmos para aceitá-la. E assim poderemos traçar uma linha de raciocínio, que nos leve ao entendimento correto das circunstâncias, para nos ajudar a aceitar os fatos... então, nesse caso do exemplo, talvez compreendendo que essa pessoa que cometeu o assassinato esteve sofrendo durante muito tempo, talvez por ter sido maltratada ou por não ter recebido amor de verdade durante sua vida. Assim podemos ir criando espaço para criar alguma empatia em relação ao agressor, compreendendo que ele, provavelmente foi o agredido, em algum outro momento de sua história, e pode não ter recebido o suporte necessário para lidar com essa dor. E a partir daí, podemos ir nos aproximando da energia do perdão.

Ou seja, estar disposto a aceitar é fundamental. Ou até, disposto a enxergar a negação, se esse for o caso.

O fato é que se existe uma situação em nossas vidas, que precisa do perdão, ela só se apresenta porque não houve uma aceitação e compreensão anteriormente. Pois quando existe essa aceitação, a mágoa ou rancor não se estabelecem em nós. Eles não encontram alimento para se manter vivos dentro da gente.

Podemos carregar esse tipo de sentimento em vários níveis, talvez em alguns momentos criamos e alimentamos um ódio profundo em nosso ser, talvez em outros, apenas uma “raivinha”. A questão é que, somente soltando todos esses traços de desamor, podemos retornar ao estado de plenitude e bem-estar que tanto buscamos, e muitas vezes tentamos encontrá-lo em coisas externas e prazeres sensoriais. O que só empurra a causa primordial do sintoma para mais fundo no baú.


Perdoar nos dá espaço para sermos mais leves conosco e com todos ao nosso redor, e assim, termos uma vida mais feliz e significativa.


Com isso, entendemos que todo o contexto do perdão, se dá do lado de dentro. Nós temos a chave da mudança necessária em nosso interior, mas precisamos de disposição e vontade para encontrá-la e coloca-la na fechadura correta. Isso quer dizer que precisamos olhar com verdade para dentro de nós e só a partir daí, podemos oferecer esse perdão ao outro, que possa em algum momento ter nos magoado em atitude ou palavra. É como oferecer uma oportunidade de mudança e ressignificação dessa relação. Quando ficamos presos na mágoa, acabamos por cristalizar determinada energia em relação àquela pessoa, e isso acaba rompendo com qualquer possibilidade de transformação pessoal e coletiva.

Na verdade, o perdão tem mais a ver com a nossa própria realidade, a nossa capacidade de soltar, de ressignificar, de libertar-nos da associação negativa que estabelecemos com determinada situação ou pessoa. Perdoar o outro, pode ser visto como uma extensão dessa energia gerada inicialmente em nós mesmos.

Porém, já sabemos que toda vibração que cultivamos e emanamos, também interfere e influencia no todo, não é? Então, quando perdoamos, damos a possibilidade de ruptura das cristalizações, que nada mais são do que essa energia vibratória densa, condensada. Ou seja, o perdão é benéfico pra nós mesmos, para nossas relações, para as relações das nossas relações... para o planeta terra e todo universo.

Ao dar espaço para ressignificar nossas questões conflitantes, dores, desacordos e desarmonias internas, estamos na verdade, aceitando abrir as portas da confiança e da possiblidade de sermos mais livres e de darmos essa mesma liberdade ao outro também. A liberdade de mudar, melhorar e encontrar a paz.

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